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Em 37 anos, ACERT defende restrições à pesca e a preservação do Pantanal

dez 22, 2022 | Notícias

A fundação da ACERT (Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo) foi um divisor de águas na luta pela preservação do Pantanal e dos recursos pesqueiros. A entidade nasceu em 1985 e liderou os movimentos que impuseram leis rigorosas para combater a pesca predatória até a legislação atual, que permite apenas a captura de um exemplar das espécies nobres nos rios do Pantanal sul-mato-grossense.

Nestes 37 anos, a ACERT também se posicionou como uma organização que contribui com a economia de Corumbá, gera empregos e renda e ainda promove a inclusão social, por meio de ações em apoio aos ribeirinhos e aos colaboradores das empresas associadas, e dá apoio aos órgãos de combate aos incêndios no Pantanal, como ocorreu nos últimos anos. A decretação do período de defeso (piracema) pelo Estado foi outra bandeira defendida pela entidade.

Cidade histórica, banhada pelo Rio Paraguai, Corumbá tem uma das melhores estruturas de pesca em água doce no Brasil

Pesca sustentável

Orozimbo, pioneiro na pesca e guardião do Pantanal

Corumbá foi a porta de entrada para a estruturação do turismo de pesca esportiva em Mato Grosso do Sul e o alerta desse grupo de empresários impôs restrições e controle à atividade e aos recursos naturais do bioma. A ACERT hoje integra os principais conselhos de turismo e de pesca do Estado e também do Conselho de Pesca do Governo Federal e sempre buscou a parceria com o setor público para o fortalecimento do segmento, cumprindo à risca todo o cronograma de vistorias tanto sanitário quanto de navegação visando a segurança do turista.

“Quando o turismo de pesca foi incrementado na nossa região não havia leis restritivas e se pescava o quanto quisesse, mas, com o nascimento da ACERT as denúncias e o combate à depredação dos nossos rios ganharam força e ressonância juntos aos órgãos governamentais, entidades ambientalistas e na mídia”, lembra o empresário Luiz Antônio Martins, atual presidente da associação. “Já naquela época defendíamos a não saída do pescado”, observa.

Associada da ACERT, a empresária Joice Santana promove e incentiva a pesca esportiva entre as mulheres

Um dos precursores dessa luta pela manutenção do estoque pesqueiro nos rios pantaneiros foi o co-fundador da ACERT, Orozimbo Decenzo (Zimbo), falecido. Seus ideais pela sustentabilidade do ecossistema foram seguidos pelos novos dirigentes e pelo trade turístico, cujo posicionamento e comprometimento culminaram com a moratória do dourado, desde 2011, a redução da cota de pesca esportiva, em 2020, e a adesão unânime ao pesque-solte pelos associados.

Profissionalismo

A proibição da saída do peixe do município foi a luta do Orozimbo e continua sendo a luta da ACERT. Os associados entendem que somente com medidas mitigadoras será possível recuperar o potencial pesqueiros do Pantanal. Essa luta não visa apenas a manutenção dos negócios na pesca esportiva. Com esse olhar pela sustentabilidade, todos ganham, a cidade, o catador de iscas (que recebe o preço justo na comercialização), toda a cadeia do turismo e os clientes.

O posicionamento da associação em defesa da preservação do Pantanal e da atividade pesqueira criou uma nova consciência no empresariado e mudou conceitos, os quais foram fundamentais para profissionalizar o segmento, melhorar os equipamentos e serviços e gerar um novo perfil do pescador esportivo. Hoje, o turista vem em família ao Pantanal e está mais preocupado com a emoção de fisgar um peixe e com a natureza do que praticar o extrativismo.