A fundação da ACERT (Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo) foi um divisor de águas na luta pela preservação do Pantanal e dos recursos pesqueiros. A entidade nasceu em 1985 e liderou os movimentos que impuseram leis rigorosas para combater a pesca predatória até a legislação atual, que permite apenas a captura de um exemplar das espécies nobres nos rios do Pantanal sul-mato-grossense.
Nestes 37 anos, a ACERT também se posicionou como uma organização que contribui com a economia de Corumbá, gera empregos e renda e ainda promove a inclusão social, por meio de ações em apoio aos ribeirinhos e aos colaboradores das empresas associadas, e dá apoio aos órgãos de combate aos incêndios no Pantanal, como ocorreu nos últimos anos. A decretação do período de defeso (piracema) pelo Estado foi outra bandeira defendida pela entidade.
Pesca sustentável
Corumbá foi a porta de entrada para a estruturação do turismo de pesca esportiva em Mato Grosso do Sul e o alerta desse grupo de empresários impôs restrições e controle à atividade e aos recursos naturais do bioma. A ACERT hoje integra os principais conselhos de turismo e de pesca do Estado e também do Conselho de Pesca do Governo Federal e sempre buscou a parceria com o setor público para o fortalecimento do segmento, cumprindo à risca todo o cronograma de vistorias tanto sanitário quanto de navegação visando a segurança do turista.
“Quando o turismo de pesca foi incrementado na nossa região não havia leis restritivas e se pescava o quanto quisesse, mas, com o nascimento da ACERT as denúncias e o combate à depredação dos nossos rios ganharam força e ressonância juntos aos órgãos governamentais, entidades ambientalistas e na mídia”, lembra o empresário Luiz Antônio Martins, atual presidente da associação. “Já naquela época defendíamos a não saída do pescado”, observa.
Um dos precursores dessa luta pela manutenção do estoque pesqueiro nos rios pantaneiros foi o co-fundador da ACERT, Orozimbo Decenzo (Zimbo), falecido. Seus ideais pela sustentabilidade do ecossistema foram seguidos pelos novos dirigentes e pelo trade turístico, cujo posicionamento e comprometimento culminaram com a moratória do dourado, desde 2011, a redução da cota de pesca esportiva, em 2020, e a adesão unânime ao pesque-solte pelos associados.
Profissionalismo
A proibição da saída do peixe do município foi a luta do Orozimbo e continua sendo a luta da ACERT. Os associados entendem que somente com medidas mitigadoras será possível recuperar o potencial pesqueiros do Pantanal. Essa luta não visa apenas a manutenção dos negócios na pesca esportiva. Com esse olhar pela sustentabilidade, todos ganham, a cidade, o catador de iscas (que recebe o preço justo na comercialização), toda a cadeia do turismo e os clientes.
O posicionamento da associação em defesa da preservação do Pantanal e da atividade pesqueira criou uma nova consciência no empresariado e mudou conceitos, os quais foram fundamentais para profissionalizar o segmento, melhorar os equipamentos e serviços e gerar um novo perfil do pescador esportivo. Hoje, o turista vem em família ao Pantanal e está mais preocupado com a emoção de fisgar um peixe e com a natureza do que praticar o extrativismo.